quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O medo de ser diferente

Pouco depois de ter criado este blog, alguém que tenho em boa conta me disse que estava a mexer na ferida, que estava a seguir um movimento diferente do padrão mas que isso era difícil e por vezes as pessoas preferiam ir pela manada. Isto deixou-me a pensar... Qual é o problema de ser diferente? Este diferente refere-se a tudo e não apenas ao pensamento.
Hoje em dia todos são iguais, todos gostam da mesma coisa, todos usam o mesmo penteado e todos dizem a mesma baboseira sem pensar no que dizem, limitam-se a reproduzir o que lhes vem de cima, mas quem é que está em cima? Quem é que dita o que é bonito ou feio, o que é moda ou não é? A quem é que eu tenho que prestar justificações por andar de risco ao meio ou por usar as calças na cintura? Se perguntarmos isso à pessoa padrão ela provavelmente vai dizer que o correcto é o que "todos fazem". Mas por ser maioria tem que estar sempre correcta? Hoje todos têm medo de se afastar da linha e do padrão, de serem vaiados por serem como gostam em vez de como os outros querem, mas no fim de contas, o que se ganha em seguir um padrão que não nos agrada? Eu dei exemplos físicos mas refiro-me a tudo, às conversas de amigos, ao vício de fumar, de beber, de sair à noite, à postura perante relações amorosas (sim porque para muitos um rapaz que saiba falar de amor é um maricas e um que "coma" todas é um rei). Falta atitude a muita gente, falta a vontade de quebrar a barreira do que nos é imposto pelos que nos rodeiam. Mas porquê? Será medo da rejeição? "Prefiro que me odeiem pelo que sou que me amem pelo que não sou". Esta citação diz tudo.
Falando por experiência própria, é chato querer remar contra a maré, é chato termos que nos impor perante algo que é bastante mais abrangente que nós, e é muito mais fácil simplesmente ir atrás do rebanho. Mas é gratificante, é bom quando alguém nos olha com admiração ou nos solta um elogio pela nossa diferença, mas melhor que isso é gratificante sentir que na nossa diferença conseguimos chegar aos outros como se fossemos "iguais". Ao início custa sempre, mas com o avançar do tempo o gozo passa a respeito, e o desprezo transforma-se em admiração. Todos somos diferentes por natureza, mas hoje em dia somos empurrados por todos os lados para nos tornarmos num estereótipo, numa manada de robots que agem todos da mesma forma, mas só nos realizamos sendo nós mesmos, e nunca sendo o que os outros querem. 


Uma ovelha negra não estraga o rebanho, muito pelo contrário
PS: Eu generalizei este texto, a realidade não é assim tão dogmática, não me interpretem ao ponto de que todos gostam de gelado de morango e não de limão.


2 comentários:

  1. Gostei muito. Tens muita razão no que dizes. Contudo, não diria que seja "chato" remar contra a maré, mas sim frustrante e desanimador. É frustrante, por exemplo, eu meter um poema de amor no meu facebook e virem os ignorantes comentar a dizer que sou um maricas (mesmo que estejam a brincar) mas se fosse alguém "importante" ou famoso já seria um grande poema e um exemplo a seguir...
    Assim é a sociedade. Sociedade que molda todos aqueles que não a questionam, todos os fracos de espírito, todos os que se deixam influenciar pelo que é comum. E o que é comum é geralmente um erro de cálculo daqueles que se deixaram influenciar pelo que é fácil e agradável a curto-prazo. Falta procurar o melhor de cada um... falta estabelecer metas, falta trabalhar para as cumprir, mesmo que nos condicionem a 99%. Se vermos bem, muito poucos objectivos de vida (daqueles que não são disparatados) são impossíveis de atingir. Mas a boca do "velho do Restelo" e daquele que não é humilde ainda é sinónimo de "pessoas a desistir". Não deixes de procurar o que é melhor para ti e não deixes ninguém dizer-te o que não podes fazer ou o que não conseguirás fazer. Abraço! ;)

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  2. Por incrível e paradoxal que pareça, vivemos num mundo com tantas diferenças, mas onde é tão difícil encontrarmos o “Eu”, a singularidade, a unicidade, o ser diferente. Ser diferente num mundo de iguais é quase como ter a audácia de ser o “louco” no meio dos “normais”.
    Na realidade, mesmo sem o perceber, ou querer, todos nós seguimos, pelo menos um paradigma imposto pela sociedade, pelo grupo… todos nós mostramos ao outro uma face que nem sempre é verdadeira, como se o medo de não ser aceite paralisasse a autenticidade. Somo simpáticos, mais que honestos.
    Mas porque teremos tanta dificuldade, ou medo de ser autênticos e singulares, de sermos “Eu”, igual e diferente de todos os outros?
    Poderá ser um fenómeno compensatório pela frustração e vergonha de nos vermos diferentes, encarando isso como “erro”, uma “inconformidade”… o que nos leva a fingir “virtudes” falsas, aparentes, conduzindo o nosso próprio passo para a perda da dignidade… e ninguém é verdadeiramente feliz sem ser digno.
    É na coragem de assumir a diferença, porque autentica e não cópia dos outros, que reside o motor do próprio mundo, e da vida. O próprio Jesus, olhando para Ele como simples homem, nunca seria “Jesus entidade divina” se não tivesse tido a coragem de ser Ele e quebrar todos os padrões sociais da sua época.
    Ser diferente, é pois, ter Carisma, escutar o coração, valorizar aquilo que sentimos e como tal só dizer “sim” depois de sentirmos que realmente faz sentido, para nós, não necessariamente para os outros… É ser Pessoa, é poder…é o caminho fundamental para alcançar a lamejada felicidade. É auto estima!!!

    Grande Abraço

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